Sicko de Michael Moore
Michael Moore tem um novo documentário que se intitula "Sicko".
Depois de abordar nos seus outros trabalhos temas como o uso abusivo de armas nos EUA e as suas consequências ("Bowling for Columbine") e os acontecimentos do 11 de Setembro ("Fahrenheit 9/11"), Moore vem agora falar sobre o sistema de saúde norte-americano.
A promoção do documentário tem sido feita através do YouTube. No site, Michael Moore convida a comunidade a partilhar as suas más experiências no sistema de saude norte-americano, através de comentários, vídeos e testemunhos pessoais.
O documentário foi visionado no Festival de Cinema de Cannes, onde recebeu críticas positivas, mas como seria óbvio (como o são todos os seus documentários) não foi bem recebido nos EUA.
A viagem não autorizada a Cuba
O Governo cubano afirmou que "Sicko", portanto uma crítica ao sistema de saúde dos Estados Unidos, dá a conhecer "os princípios profundamente humanos da sociedade cubana". O ministro da Saúde cubano afirmou num fórum na Internet, que "o nosso país ... está sempre aberto para os casos em que possam precisar dos serviços de nossa saúde pública".
Em Cuba, o atendimento médico é gratuito e a ilha tem hoje indicadores sociais comparáveis aos de Primeiro Mundo.
Entretanto, Michael Moore está a ser alvo de uma investigação do Departamento do Tesouro americano sobre uma visita não-autorizada a Cuba, que terá feito com vários voluntários que trabalharam nas ruínas do World Trace Center e que tiveram problemas em ser atendidos pelos serviços de saúde do seu próprio país. Desta forma, está a ser acusado de violar as restrições impostas pelo governo americano, que não permite que os seus cidadãos viagem sem autorização para aquela ilha na América Central.
Contudo, Michael Moore esclareceu que esteve em Cuba para filmar um segmento de "Sicko", que pretende "expor a cobiça da indústria da saúde e o controlo que exerce sobre os processos políticos dos EUA". O documentário inclui sequências em que Moore leva os tais voluntários para um hospital de Cuba e perto da base militar de Guntanamo. Moore afirmou que o objectivo não era ir para aquele país, mas sim para território americano, ou seja, para Guntanamo, para que os integrantes das equipas de resgate recebessem tratamento médico. Os onze bombeiros terão recebido melhor atendimento de saúde na ilha do que nos Estados Unidos...
A vida de Moore
Num país que não aprecia os intelectuais, Michael Moore é um intelectual, é uma pessoa que utiliza a sua arte com fins políticos, um activista.
Graças ao êxito de documentários como "Roger & Me" (pouco conhecido em Portugal) ou "Bowling for Columbine" ou livros como "Stupid White Men", é talvez o mais conhecido representante de uma corrente política de esquerda nos EUA, que balança entre os dois partidos que disputam a liderança do país ou nem isso...
Em 1989, Michael Moore tornou-se famoso graças ao documentário: "Roger & Me". Ao longo de cinco anos, Moore filmou a história de como a depressão económica e o desemprego dos anos Reagan-Bush atingiram Flint. A cidade-natal de Moore vivia só de uma indústria: a automóvel e neste caso concreto a General Motors. Moore narrou a devastação, depois da empresa ter fechado portas na cidade, num estilo que se tornou na sua imagem de marca: mais do que um observador, é o protagonista dos seus filmes. O alvo de "Roger & Me" era Roger Smith, o então presidente da General. O filme segue Moore em tentativas hilariantes de confrontar Roger Smith com as consequências do encerramento da fábrica.
Ao longo dos anos, Moore fez vários trabalhos, entre os quais se destacam o seu único projecto de ficção "Canadian Bacon", no qual o presidente dos EUA decidia lançar uma guerra contra o vizinho Canadá.
Mas Moore prefere a realidade. "The Big One", em que descompunha várias multinacionais americanas por práticas gananciosas - como as "sweatshops" na Indonésia da Nike é um exemplo. Depois de uma nova série de TV ("The Awful Truth"), regressou aos livros em 2001. Os acontecimentos do 11 de Setembro obrigaram ao adiamento da publicação "Stupid White Men", almanaque de acusações ao presidente George W. Bush. "Stupid White Men" foi um sucesso editorial, várias semanas no "top" do "New York Times".
Paralelamente, Moore dá palestras no seu país e pela Europa, participa em manifestações anti-guerra ou anti-capitalismo.
As suas obras são distribuídas por multinacionais e isso pelos vistos diverte-o. Moore afirmou ao jornal diário "The Guardin" que "acredito que estas empresas que distribuem o meu livro, o meu filme ou o meu programa de televisão só o fazem por acreditar que podem ganhar dinheiro com isso", e continuou: "é uma das falhas maravilhosas do capitalismo, que eles produzam e apresentem produtos que na verdade são contra os seus próprios interesses, desde que julguem que conseguem ganhar uns cobres com eles."
Irónico, não?
Site oficial : http://www.sicko-themovie.com
Vídeo oficial de "Sicko"