"Jogo duplo" já tem sucessor: "Duel" é como se apelida lá fora. A fórmula não dista muito do modelo de concursos adoptado para o horário nobre da RTP, facto que merece reprovação de um investigador da área dos média.
Estratégia de continuidade parece ser premissa da programação da RTP1 no que toca a concursos de cultura geral. Em equipa que ganha não se mexe, como tal, "Duel", o próximo programa do género, com produção a cargo da Fremantle, não foge à receita. O convite para a sua condução foi endereçado a Jorge Gabriel e segundo o próprio disse ao JN, não planeia recusá-lo. As gravações começam daqui a 15 dias.
O original é francês tendo já sido adaptado no Reino Unido, pela estação britânica ITV, e nos Estados Unidos, através da cadeia ABC, com a soma de algumas regras em conformidade com o país onde vai para o ar. Este concurso tem a particularidade de ser recente: brotou nas grelhas televisivas apenas em 2008.
Um misto de Poker com os míticos duelos que, em tempos idos, opunham cavalheiros que acordavam em digladiar-se, poderá ser uma descrição possível. Acontece que "Duel" parece recriar um ambiente de casino, com fichas que sustentam as apostas na resposta, presumivelmente acertada, o que lhe confere uma verdadeira dinâmica do denominado jogo de azar. Em França, o prémio máximo ronda os 100 mil euros.
Opinião de Rui Cádima:
Para Rui Cádima, investigador na área dos média, "a grelha da RTP1 é horizontalmente estanque". Isto é, "em 'prime time' obedece inevitavelmente à lógica: concurso, Telejornal, concurso", o que hipoteca qualquer "investimento na diversidade".
Embora um programa como o "Duel" possa caber na grelha, sugere que "em vez de ser diário pudesse figurar mais pontualmente". Cádima considera que a própria BBC, onde os concursos estão também calcificados, já não é uma referência, mas antes "uma máquina de propaganda estatal".
Ainda que reconheça que no caso de "Jogo duplo" haja uma aproximação "mais elaborada à componente didáctica e pedagógica", esta espécie de híbrido entre cultura e entretenimento não afasta a RTP1 "da praça aberta do folclore nacional". E fala ainda em "apartheid" de programação para "o gueto RTP2". Mas, recorrendo à velha máxima, não se deve dar ao povo o que ele quer? "Essa é uma visão redutora de subestimação do espectador", responde, e nota aqui "uma demissão lamentável" do canal, sob a justificação falaciosa "da mediocridade do público". Refém de um modelo obsoleto, a RTP1, defende, "tem instalado um dispositivo de marasmo".
Fonte: JN
Uma pergunta da minha parte:
Mas não será melhor termos concursos a novelas que retratam sempre as mesmas histórias, apenas com nomes e actores diferentes?