Todos os canais vão ressentir-se da crise

A crise económica parece tocar a todos. Segundo vários especialistas na área televisiva, o abanão mais forte só se verificará lá mais para a frente. Ainda que alguns sinais já se notem: a SIC aposta agora em programas de vídeos ('O programa da Lucy' também vai sofrer alterações já na próximo ano).

"O entendimento do sector é que o último trimestre deste ano gerou piores receitas do que igual período de 2007". Quem o afirma é Pedro Morais Leitão, presidente da Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação, que representa os "patrões" dos média. E lança o alerta: "As televisões têm de ser mais prudentes na construção das grelhas para 2009".

A seu ver, "o processo de reestruturação na Impresa", que detém a SIC, é sintomático da reflexão da crise neste mercado. Porém, "todos os canais irão ressentir-se", ainda que a RTP menos, "pois é mais insensível ao investimento publicitário, por contar com o financiamento do Estado".

Também a TVI se encontra numa posição mais confortável, uma vez que é líder de audiências. No entanto, "todos terão de fazer omeletas com menos ovos, recorrer a programas mais baratos".

Frederico Ferreira de Almeida, presidente da Associação de Produtores Independentes, corrobora a ideia. "A crise já está a fazer- -se reflectir". Na óptica dos produtores, assiste-se, por parte das estações, "a uma tentativa de redução dos custos, excluindo produções mais dispendiosas, e a uma procura de programas cujo género seja suportado por pequenos clipes". E dá o exemplo do formato "Tá a gravar" de Carnaxide. "É programação alternativa, mais barata e de alguma forma eficaz". Prevê, dada a conjuntura, que "2009 traga ainda mais contenção". Contactada, a SIC escusou-se a comentar o tema. Mas o que é facto é que a "Roda da sorte", com Herman José, não vai ter segunda temporada e que a aposta que domina neste final do ano é marcada pelos vídeos e apanhados diários.

José Eduardo Moniz, director-geral da TVI, reconhece que a "crise vai obrigar a fazer uma gestão ainda mais rigorosa". Embora explique: "Estamos habituados a funcionar com cinto apertado, pelo que o facto de sermos líderes não nos desviou um milímetro dos códigos de gestão adoptados quando a TVI era pequena". Conclui: "É evidente que seremos afectados, apesar do impacto, porventura, ser menor do que na concorrência". José Fragoso, director de Programas da RTP, optou por não se pronunciar.

Para o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres, "o Natal não está a correr nada bem em termos de publicidade", logo, na senda da crise, "a queda das receitas publicitárias há-de sentir-se".

Felisbela Lopes, investigadora na área dos média, percebe que a SIC "tenha dificuldade em afastar-se de produtos com sucesso garantido, como os de apanhados". Porém, nota aqui um perigo: "O preço da pressa pode ser muito alto", até porque "Nuno Santos, director de Programas da SIC, deu provas na RTP de que podia inverter as audiências". E a investigadora tem uma perspectiva optimista. "Em vez de se lamentar o panorama, deve-se olhar para ele como uma oportunidade para fazer coisas novas" e acrescenta: "A descoberta de outros caminhos não tem de ser pior, havendo um leque vastíssimo de ideias que podiam ser trabalhadas". A aposta na informação é possível. "É altura das redacções terem visibilidade na grelha", defende.

 

Fonte: Jornal de Notícias

 

No fundo, bem lá no fundo, basta saber gerir bem as contas, saber apostar em programas com audiência garantida e de baixo custo. No fundo, bem lá no fundo, quem irá sair prejudicada nesta 'crise' será a SIC, porque nem está em primeiro lugar das audiências e nem tem apoio financeiro do Estado. Algo mais a acrescentar?

publicado por dina às 13:18 | comentar | favorito